domingo, 8 de julho de 2012

Tentativa de escrever sobre a guerra da Marinha Brasileira contra o Quilombo Rio dos Macacos.




Tentativa de escrever sobre a guerra da Marinha Brasileira contra o Quilombo Rio dos Macacos

Aquelas fardas carregam consigo maldição não declarada. Passaporte para vantagens não acessadas pelos outros mortais é a promessa que convence, e ao vestir a roupa, a pessoa é despida dia a dia dos valores e ideais que carregava consigo, sem chance de perceber. Ordem! Segurança! Desenvolvimento! Bandeiras vazias de sentido é o que precisam carregar. Dão o sangue, dão a vida, acreditando estar servindo ao país. Viajam em missão de salvamento de povos oprimidos pela guerra e pela fome, carentes de saúde. Se orgulham dos seus feitos. Vestindo aquela farda, são maiores e mais poderosos que qualquer outro mortal nu.

São policiais e soldados negros que olham com desconfiança para seus iguais. Riem dos seus irmãos pretos, descendentes da mesma mãe África, desmamados com truculência e trazidos para uma vida de dores e extrema humilhação. Liberdade, nunca se teve e até hoje se busca. Liberdade, na verdade, só se teve e só se busca na tradição, nos seus cultos, danças, na roda de capoeira. Círculo sagrado de dança, luta, batuque, berimbau, pandeiro, canto, que juntos carregam a história de sofrimento e de esperança do povo escravo. Do povo quilombola. Dos negros invisibilizados nas cidades urbanizadas.

Naquela farda, eles pisam e profanam o território conquistado com suor e luta. Não conseguem ver as entrelinhas da História e das histórias dos que ali cresceram, criaram seus filhos e enterraram seus pais, avós e bisavós. Se a cerca colocada impediu o sonho acadêmico e não deixou que a alfabetização os alcançasse, a sabedoria do povo se fez presente e lhes deu todas as armas de (sobre)vivência do plantar, colher, cozinhar, construir. Esse saber não serve aos que oferecem trabalho da grande cidade, só serve a eles mesmos, e sem isso, não tem do que (sobre)viver. Estão lhes arrancando suas sementes, suas árvores frutíferas, sua água, seu direito de ir e vir, estão lhes arrancando sua paz ao dormir com a sombra de terror noturna. Arrancam sem notar, mas com intenção, os que não tem forças pra resistir e deixam pra trás pedaço de si, com muita dor, para viver em outro lugar. Em nome de um serviço que desconhecem, se fazem braços que apagam pouco a pouco a história de um povo, do seu próprio povo, deixando para ele apenas lágrimas e memórias.

E se orgulham dos seus feitos. Se viajam para salvar os povos oprimidos dos países afora, pisam no povo que sofre na tentativa de uma vida digna aqui mesmo, no seu próprio país. A terra, o ar e as águas que eles dizem proteger são para os poucos que podem pagar, e instauram o apartheid moderno levantando muros que separam águas que pertence a todos e a ninguém. Esquecem que sem a farda, são iguais. São povo. São negros. Esquecem que sem a farda nós somos todos iguais, nós somos todos povo, nós somos todos negros, nós somos todos Quilombo Rio dos Macacos.

SOMOS QUILOMBO RIO DOS MACACOS!


Conheça a terra

Depoimento emocionante de um morador do quilombo








segunda-feira, 30 de abril de 2012

CotasSIM


#cotasSIM!
As cotas foi um dos assuntos mais comentados essa semana nas redes sociais. Na correria da faculdade, trabalhos... da vida, acabei não lendo muito o que estava sendo discutido, apesar do interesse. Mas depois, com mais tempo, fui ver os absurdos -julgo eu- que as pessoas estavam falando. O papo meio que esfriou, mas uma das coisas que aprendi é deixar claro o que penso, mostrar de que lado a gente samba.
A ideia do sistema de cotas é provisório, todo mundo sabe que nosso maior problema é a educação básica. Mas o problema da educação não dá pra ser resolvido de uma hora pra outra. E enquanto isso não se resolve ficamos como? Continuamos sem negros no nível superior? O ideal é que as duas coisas aconteçam em concomitância.
O fato é que ser negro nesse pais é muito difícil. A ideia das cotas é pra que as oportunidades chegam a todos. Pelo amor de Deus, não tem nada a ver com falta de capacidade! Ninguém tá dizendo que branco é mais inteligente que negro, então, por favor, não me venha com esse discurso de 'cor não mede capacidade', nem 'essas cotas é uma atitude racista'.
Todos os dias vemos 'crianças negras' nas ruas, nos ônibus vendendo algo... Mas quando aparece uma 'criança branca' o olhar é outro, as pessoas pensam sobre a infância, que essa criança deveria estar na escola... E a outra não? É mais chocante ver a branca? Já acostumou em ver a negra? Precisamos mudar esse costume.
Todo mundo sabe que a abordagem da polícia com um negro é bem diferente da com o branco. Eu mesmo já presenciei uma cena horrível. E o que falar do extermínio da juventude negra? 
Ah, mas as cotas que são racistas! Todos somos iguais, todos temos a as mesmas oportunidades! É... estamos em mundos diferentes então. Ai, gente... ACORDA, o Brasil é racista!


Fonte: Rede de Mulheres (Facebook)



Fiquei lendo várias coisas e vi muito comentários, além dos que já citei, do tipo 'a constituição diz que todos somos iguais, essas cotas são racistas'. Ah, tá... agora todos são iguais? Se tanta gente assim acha que somos todos iguais onde está o racismo? É muito fácil falar de igualdade, constituição, nessas horas, né?
Fiquei pensando o porquê das cotas incomodar tanto e veio logo a mente um trecho de Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido.

"Mesmo quando a contradição é autenticamente resolvida por uma nova situação estabelecida pela libertação dos trabalhadores, os antigos opressores não se sentem libertados. Ao contrário, consideram-se, sinceramente, como oprimidos. Condicionados pela experiência de oprimir os outros, qualquer situação que não a antiga configura-se-lhes como se fosse opressão."

Vamos falar sério, né? Essa história de 'dar' vaga nas universidades a negros não é bem vista pelos grupos dominantes. É uma ameaça. Eu já ouvi uma garota aprovada em medicina no vestibular da UFBA dizendo 'ahh, eu passei pro segundo semestre por causa dessa estória de cotas, com certeza tive nota maior que os cotistas e ele entram primeiro que eu.' (...)

As cotas são mais que necessárias, é graças a elas que a cara das Universidades tem mudado, graças a elas começa a existir diversidade nesses espaços. Precisamos escancarar os portões da Universidade para a entrada de todos, fazer com que o outro se enxergue nesse espaço, se reconheça... As Universidades precisam de mais Ícaro's, Marcelo's, Ana's Luísa's, Lusiane's, Patrícia's, Gabriela's, Alexandre's, Thiala's, Lais's, Ivana's, Joseane's, Leandro's, Djean's, Vinicius's, Dj's, Geaze's, Igor's, Ronaldo's, Cassia's, Adriele's, Hamilton's, Graziele's... (...) para que esses não sejam vistos só como exemplo, referência, mais que isso, seja visto como o caminho de entrada de todos, para que essa igualdade enfim seja real. Aí sim, "quando os cirurgiões e juízes negros deixarem de ser confundidos com pacientes e réus, não precisaremos mais de cotas...”.


Um bom texto que fala sobre isso:






quinta-feira, 5 de abril de 2012

Uma sexta qualquer.


TÁ TUDO ERRADO!

Noite de sexta, pego um ônibus perto de casa para ir a casa de uma amiga no Rio Vermelho.
No caminho, por volta das 20:50 uma blitz pára o ônibus. Que eu me lembre todos os lugares estavam ocupados e umas 2 ou 3 pessoas de pé perto da frente. 
Policiais fortemente armados se aproximam do ônibus, dois entram pela frente, um pelo fundo e outro pela porta do meio. Eu estava sentada na cadeira do lado dessa porta. Inevitável não ficar no mínimo incomodada com aquelas armas perto.
O policial que entrou pela porta do meio fica bem próximo de mim. Do outro lado dois homens sentados. Um 'branco' e um 'negro'. Ele manda que os dois levantem. Pede pra que o branco levante a camisa e a revista já foi feita. Na hora do negro, passa a mão, levanta a camisa, abre a mochila. A situação me incomoda extremamente. Olho pra ele, ele (policial) me olha. Desvio o olhar. Ele continuar a revistar o negro. Não sei exatamente com qual propósito olho pro nome de guerra dele, ele me olha novamente. E eu abaixo a cabeça. Nem sei se ele realmente percebia que estava o olhando, mas ele virava a cabeça e já sentia medo. Também com essa postura e todas aquelas armas... Sou mulher e sou negra.
Sinto vontade de gritar "Porque com ele é assim? Porque vocês são assim? Que policia é essa?" Muitas coisas/respostas passam pela minha cabeça... Ele termina a revista, mais ninguém é revistado. Ele dá boa noite e saí do ônibus com os outros.
E o grito tá preso, começo discretamente (acreditava eu) a chorar. Choro por não aceitar ver aquilo, choro por me sentir tão impotente... Uma mulher ao meu lado percebe e diz, "ficou assustada, né?" Enxugo as lágrimas... ela continua algo do tipo: "é assim mesmo, minha filha. Mas eles tem de fazer essas coisas, tanto ladrão solto por aí..." 
Eu continuo chorando... e penso. "Ela não vê, ela não vê..."
E o homem segue o caminho de cabeça baixa...

Fonte: Facebook Concurso PM BA 2012 - em Greve da PM-SSA

Sei que muita gente vai ler isso e pensar: "Isso acontece todos os dias, e até coisa pior." Eu sei, eu sei!
Mas a questão é que eu nunca vou me acostumar com essas coisas, não devo, não quero...
Pensei em escrever no mesmo dia, e a sensação que me dava era de 'escrever pra que? o que vai adiantar?' Fiquei me perguntando, 'o que tô fazendo pra mudar isso? ' (...) 
Já faz alguns dias que isso aconteceu, e lembro o tempo todo. Acabei escrevendo. Talvez o grito ainda esteja preso por aqui...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

NÃÃÃO ao Ato Médico!!!


Tá TUDO errado!
Pensar que todas as manifestações e pedidos enviados ao Senado foram em vão é revoltante. Mais ainda é constatar que a classe médica continua detentora de grande influência e poder, já que sozinha conseguiu passar por cima de todos os demais profissionais de saúde que se uniram pra evitar a aprovação de um projeto de lei que nos submete a eles.
Tente marcar uma consulta com um psicólogo através de um plano de saúde. Você não consegue, tem que ter o encaminhamento de um psiquiatra, que é quem avaliará se você necessita de atendimento psicológico. É o ato médico acontecendo antes mesmo de aprovado. E há quem diga que não vai interferir na vida dos demais profissionais de saúde, que é apenas regulamentação das atribuições médicas.
É tudo jogo de poder, só não vê quem não quer.


"A atenção à saúde deve continuar sendo realizada pelo conjunto de profissões da saúde, garantindo ao usuário do SUS a atenção multiprofissional e interdisciplinar e o direito a uma atenção à saúde que leve em conta as diversas determinantes dos processos de saúde e doença. [...] 
O PL do Ato Médico engessa o trabalho multiprofissional e interdisciplinar na saúde. Quem sai ferido é o usuário."        Conselho Federal de Psicologia

Fonte: rogeliocasado.blogspot.com

Comissão aprova projeto que define ações exclusivas de médicos.


A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, nesta quarta-feira, o projeto de lei que define as ações exclusivas de médicos, o chamado "Ato Médico". A proposta é polêmica e coloca em lados opostos médicos e outros profissionais da área de saúde.
O texto ainda será analisado por mais duas comissões da Casa antes de seguir para sanção da presidente Dilma Rousseff.
A proposta regulamenta e especifica a profissão do médico. Define, por exemplo, que apenas médicos estão autorizados a diagnosticar doenças, a prescrever e realizar cirurgias e comandar serviços médicos.
Por outro lado, exclui da lista de restrições atos que podem ser feitos por outros profissionais, como a coleta de material biológico para análises laboratoriais e aplicação de injeções já prescritas pelo médico.
O texto foi motivo de muita polêmica nos últimos anos, criticado pelos demais profissionais de saúde, que temem o esvaziamento de suas funções e a formação de uma reserva de mercado. Os médicos minimizam as críticas e argumentam que só querem garantir os preceitos da profissão: o diagnóstico e o tratamento de doenças.
O relator da matéria, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), fez modificações no texto para apaziguar as críticas. Por exemplo, a retirada de trechos que davam exclusividade ao médico para realizar a emissão de diagnósticos citopatológicos --demanda dos farmacêuticos-- e para fazer diagnósticos funcionais e cinésio-funcionais --demanda de fonoaudiólogos e fisioterapeutas.

ENGENHARIA LEGISLATIVA
Segundo Valadares, todas as competências das demais profissões de saúde foram mantidas. "Fiz um verdadeiro trabalho de engenharia legislativa e política para conseguir esse relatório e obter o maior número de apoios. Recebi apoio de todos os segmentos, à exceção dos fisioterapeutas, que manifestaram alguma preocupação."
Pelo fato de o texto ter começado a tramitar no Senado e ter sido alterado pela Câmara, em nova análise os senadores só podem ou acolher a versão dos deputados, fazer modificações de redação, rejeitar trechos ou retomar a versão original do projeto. Não podem incluir novas questões.
Ex-ministro da Saúde, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que o texto restringiu indevidamente determinados atos aos médicos.
"Em muitos casos, o psicólogo pode diagnosticar sem problemas uma neurose simples, uma depressão. E pode fazer uma psicoterapia. O drama do senador Valadares é que, depois de ter passado na Câmara, ou restabelecemos o projeto original --ele é ainda mais restritivo-- ou ficamos com o da Câmara, que é um exemplo de reforço ruim do corporativismo (...) As demais profissões não podem ver como derrota ou vitória, é o possível de se fazer nesse momento. Acho que se restringiu muito ao médico uma série de coisas que podem ser feitas por outras profissões", ressalvou.
A senadora Marta Suplicy (PT-SP) citou novamente a psicologia e afirmou que fará alterações nas próximas comissões.
"Em relação aos psicólogos, que é minha profissão, tem um artigo que trata do diagnóstico nosológico [de doenças] e da prescrição, é complicado isso, porque o psicólogo também faz diagnóstico nosológico, ele não faz medicação. Acho que vai atrapalhar bastante a profissão do psicólogo. Na CAS [Comissão de Assuntos Sociais] certamente vou fazer outra proposição", disse ela.
A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), relatora do projeto em sua primeira passagem no Senado, assumiu que esse não é o texto "ideal, mas o possível". "Médicos e outros profissionais da saúde tiveram que ceder para que chegássemos a esse substituitivo."

sábado, 28 de janeiro de 2012

Leo - Psi


Hoje quando 'entrei' no facebook recebo a triste noticia. Um colega Psi da faculdade faleceu.

Fonte: noticiasdabahia.com.br
Leandro Carlos Araújo

Segundo uma amiga também da faculdade: "Domingo passado ele estava em Boa Vista e foi mergulhar no rio. Caiu no raso e fraturou a coluna lesionando a medula na região da nuca, perdeu os movimentos de todos os membros. O HGE não tinha vaga e demorou pra operar, porem ele desenvolveu um quadro de deficiência respiratória e apresentou febre. Devido as complicações a operação foi adiada, seria ontem. Hoje as 6h faleceu..."
Leo, era estudante de Psicologia da Universidade Federal da Bahia e participava do PET - Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde. "Foi vitima do Sistema que aprendeu a defender."
Hoje a Psicologia perdeu uma pessoa dedicada, inteligente, amorosa, e do bem.

Muita luz, siga em paz!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pinheirinho

Eu vejo esses vídeos em lágrimas, com um aperto no coração e só consigo me perguntar: "Que desgraça é essa?"

É uma pena que minha revolta não muda em nada a situação...


Assistam!




No Muro Estava Escrito Com Giz 

Eles querem a guerra.
Quem escreveu.
Já caiu.
- Brecht

domingo, 22 de janeiro de 2012

Desocupação Pinheirinho

Tá TUDO errado! 


Os pinheiros do mundo perderam seu verde característico
manchou-lhes de vermelho um maldito político!
Sangue de trabalhador
nas terras de um especulador
nem todo o perfume das Arábias limparão
essa vil e covarde traição
temos certeza: não, não haverá reeleição!
Chora Pinheirinho!
Chora Brasil! Chora mundo!
Reage Pinheiro! Reage Brasil!
Revolte-se Mundo!
 Max Laureano

Leiam: http://www.anf.org.br/


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

BBB - 12 - Daniel


TA TUUUDO ERRADO!

Infelizmente o post fala de BBB, e mais que isso, fala do mesmo participante, o Daniel.
O vídeo tá bombando nas redes sociais desde ontem, mas eu só vi hoje pela manhã e até agora não consegui ‘digeri’ esse absurdo. E nem vou conseguir, nem devo, nem quero...
Algumas pessoas com quem falei do assunto me disseram: “Ahh, mas ela é vagabunda”, “c* de bêbado não tem dono”... Mas o que está em questão não é isso! Não importa se a mulher tava bêbada, ou ela é uma vagabunda. Ela é uma MULHER! Então uma prostituta pode ser abusada? NADA JUSTIFICA ISSO!  
Ouvi/vi comentários também do tipo, “Ahh, mas essa agonia é por que ele é negro!” e outros “Tinha que ser o negão!” Pera lá, galera! Isso aqui também não tá em questão, não! É difícil não julga-lo por esse ato, mas temos que julga-lo como HOMEM.
Me dói ver esse vídeo, me viola, me envergonha, me machuca, e eu falo como filha, mãe, mulher, irmã, ser humano...
E sobre a GLOGO... 


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Pedro Bial - BBB 12 - Cotas

Tá tuuuudo errado!

De 16 participantes, UM negro. E Pedro Bial pergunta por COTAS? O ‘brother’ só está na casa graças a ela. Não é uma cota explicita, é aquela historinha... “Tem de ter um negro pra ninguém acusar de racismo.” Quem dera na prática a vida fosse bonita como a resposta do Daniel.  E se assim fosse não teria UM negro num universo de 16... 

Pedro Bial - BBB 12 - Cotas

PM agride estudante na USP

Tá tuuuuuuudo errado!

Fiquei tentando escrever algo, mas as imagens e o depoimento falam por si só. É impossível colocar em palavras a revolta e tristeza que sinto...


PM agride aluno na USP

Fonte: Humor Inteligente (Facebook)

Depoimento do Estudante que sofreu a violência de uma abordagem racista da PM paulista no campus da USP.


Violência Racial - "PM me escolheu porque eu era o único negro"

09 Janeiro 2012 22:25 

por Alceu Luís Castilho,


Órfão de pai desde os 15 anos, Nicolas Menezes Barreto sabe bem o que é trabalhar. Ele é músico e professor da rede municipal de ensino, na zona leste – em condição provisória, pois ainda não é formado. Ele prestou Música, mas entrou na segunda opção no vestibular da Fuvest. Cursa Ciências da Natureza na EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), na USP-Leste.

Nicolas foi agredido por um sargento da PM, nesta segunda-feira, durante a desocupação da antiga sede do DCE Livre, o DCE ocupado – a alguns metros da sede da reitoria da USP. "Eu era o único negro lá, com dread", disse ele ao blog Outro Brasil, por telefone, no fim da tarde.


A palavra dread remete ao estilo de cabelo rastafari. "Sem dúvida foi racismo. Ele foi falar comigo porque pensou que eu não era um estudante, e sim um traficante, algo assim. Tanto que se surpreendeu quando viu que eu era estudante".

Ele conta que um guarda universitário ajudou o PM a segurá-lo, durante a agressão – naquele momento as imagens aparecem um pouco mais distantes no vídeo. Sobre o sargento que o agrediu, ele afirma: "O cara estava virado no capeta, não sei o que acontece. Tem de pagar as contas também, né. Mas não aceito."

Nicolas diz que é conhecido dos guardas universitários. Até por ter sido um dos 73 estudantes presos durante a desocupação da reitoria, no início de novembro.

- Agora estou aqui, na endorfina, na adrenalina, tentando me livrar desse susto. Tive algumas escoriações, arranhões, cortes na mão. Mas fiquei com medo de ir à delegacia sozinho. Como tem o vídeo, vou fazer depois o exame de corpo de delito. Estou esperando o advogado para ir fazer o boletim de ocorrência.

O estudante conta que não falou nada demais na hora em que o policial avança em sua direção. "Quando eu falo no vídeo, com o punho da mão fechado, estava dizendo que nós estávamos cuidando do espaço e que não precisávamos da reforma da reitoria. Ele não entendeu isso e veio pra cima de mim".

O sargento pediu o documento e Nicolas disse que sua palavra bastava. "Aí ele me puxou da bancada", confirmando o que se vê e ouve no vídeo veiculado pela internet. "Tentei me defender para não tomar um tapa na cara – ou um tiro na barriga, pois ele me apontou a arma".

Nicolas fala com orgulho de seu projeto como músico, a banda BRs. O símbolo da banda tem um quadradinho antes do "s". Ele conta que sua mãe insiste, diante das dificuldades, para ele priorizar o trabalho – pois a família depende de sua renda. Mesmo assim ele tenta conciliar tudo. "Minha mãe sabe da minha luta".

O estudante atendeu a reportagem agitado, mesmo depois de uma noite sem sono – os estudantes ficaram em vigília nas últimas noites, por conta da ameaça de nova desocupação do espaço.

Antes de desligar o telefone, ainda falou do momento "sinistro" que vivem os alunos da USP durante a gestão de João Grandino Rodas. E se declarou preocupado com a cobertura da mídia. Já sabe que alguns veículos o definiram como "suposto" estudante. "Às vezes o repórter está bem intencionado, mas não sabemos como vai ser a edição".
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